terça-feira, 9 de novembro de 2010

Paul McCartney no Brasil


No alto dos seus 68 anos, com um pique de dar inveja a muito jovenzinho, Paul McCartney fez uma apresentação para ser lembrada em 7 de novembro de 2010, no estádio Beira-Rio, Porto Alegre – RS e eu estava lá. Não somente por se tratar de um ex-beatle, ou por seu título inglês de “Sir Paul McCartney”, MacCa merece o devido reconhecimento por figurar entre o seleto grupo de artistas que permanecem entre os “que ficam” depois que a histeria acaba.

Pra mim, muito mais do que um cantor/compositor renomado, Paul representa a passagem de uma época que por não ter vivido simplesmente “ inventei”, ou melhor, experimentei uma vivência particular, íntima que não tem a ver com presença física, mas com identificação . Como esquecer a minha paixonite adolescente pelo baixista canhoto do quarteto de Liverpool e por toda aquela atmosfera que os Beatles de maneira anacrônica traziam até mim lá pelos 14 ou 15 anos? Improvável, impossível. Não quero jamais olvidar a pureza das letras “bobas” tal qual a dos dias mais inocentes da minha vida.

Os anos chegam, a gente cresce, passa a escutar outros sons e finalmente acha que amadureceu, o engraçado é que há um certo ponto em que tudo parece repetição, pastiche, então se “volta ao lugar que uma vez se pertenceu” e “deixa ser”. O sonho não acaba, se reinventa. Paul é essa constante reinvenção.

terça-feira, 16 de março de 2010

Sem destino



Cá estou eu numa motocicleta “sem destino”. A essa altura, meu único medo é ter medo. A coerência me deixou depois da última parada, as certezas, na primeira curva, os dogmas nem foram para a estrada. Não trouxe mapa, se me perder, paro e pergunto o caminho, se a via não tiver saída, mudo de rota.


De certo modo, esses 22 anos me “emburreceram”. Antes achava que sabia de tudo um pouco, mas hoje que aprendi alguma coisa, desaprendi todo resto. Quando as minhas amadas respostas partiram, fiquei sem saber o que perguntar. Só restaram o ritmo frenético dos dias e a retrospectiva de uma vida na mente.


Era o Natal de 1994 se não me engano, ganhei o presente mais esperado, mais cobiçado. O momento foi mágico, mas passou rápido. 2002, meus quinze anos, muitos risos, muitos amigos, muitas trilhas sonoras, foi bom, mas passou rápido. Em 2006 a faculdade, quatro anos voaram, mais uma vez tudo passou rápido. Hoje os meus amigos estão procurando emprego, alguns foram embora, os que ficaram seguem seus caminhos deixando rastros de nostalgia na lembrança.


Eu não senti o movimento do mundo, de repente abri os olhos e vi tudo diferente. Simplesmente acordei e as coisas tinham mudado de lugar, como se antes estivesse imersa num estado de coma ou transe que se converteu em velocidade. É assustador mas vou tentar não gritar, ainda que ironicamente eu me encontre perdida nessa terra estranha onde poupam os sussurros.

domingo, 27 de setembro de 2009

Viva o suco de laranja!


Suco de laranja, sumo de laranja, néctar de laranja ou laranjada. Segundo especialistas, o suco de laranja tem muitas propriedades. Apresenta grande concentração de vitamina C, além de potássio, carboidrato, cálcio e fósforo.

Definitivamente não quero parodiar o “Filtro Solar” do Pedro Bial, mas acredito que tudo o que precisamos às vezes, é da sobriedade e leveza de um bom suco de laranja. Saudável como ele só.

Sente em uma mesa de bar e peça: “Garçom, desce uma rodada de suco de laranja que hoje é por minha conta”. Suco para essas almas cansadas, para aliviar o stress, para provocar a embriaguez fingida de quem quer esquecer o trabalho, as dívidas ou os amores - veja bem, eu disse suco de laranja somente, sem vodca ou aguardente.

Foi bebendo suco de laranja que tive algumas das conversas mais interessantes da minha vida. E é bebendo suco de laranja que vou tocando os meus dias, sejam azedos ou doces como laranja lima.

domingo, 20 de setembro de 2009

Sobre o filme "Up Altas Aventuras"



Fazia um certo tempo que um filme de animação não mexia tanto comigo. Talvez desde "O Rei Leão", na parte em que o pai do Simba morre. É impressionante o quanto esse segmento que transforma tecnologia em "fantasia real" vem se desenvolvendo nos últimos anos. O que começou a partir dos clássicos "contos de fadas" e abusou das fábulas infantis, hoje se mostra um mercado promissor, não somente em produção de entretenimento para crianças, mas em forma e conteúdo para adulto nenhum botar defeito.

Depois de "A Era do Gêlo 3 " ter superado a quase imbatível bilheteria de Titanic no Brasil, o que se pode concluir é que realmente esta é "A Era da Animação". Em qualquer sala de cinema que se vá hoje, percebe-se um público heterogêneo, seriam velhos com espírito infantil ou crianças crescidas?

Acredito que um filme deva passar a emoção de quem o produz, se aproximar da realidade das pessoas de forma que as toque em pontos tão íntimos que elas nem saibam explicar o porquê de tamanha identificação. Talvez por isso o cinema tenha se tornado tão popular.

No início o acusaram de tornar a mente preguiçosa já que os pensamentos não conseguiam acompanhar a velocidade das mudanças de cena, uma mera distração para os operários enfadados que enxergavam no cinematógrafo um refúgio para um mundo indolor de fantasia. Concordo que o cinema seja uma ótima distração, mas defendo veementemente a posição que diz que ele nos faz pensar, refletir seja pela forma, seja pelo conteúdo.

No caso de "Up Altas Aventuras", talvez fosse impensável há alguns anos, a história de um velho viúvo amargurado que resolve viver uma grande aventura, chamar tanta atenção, principalmente de um público bem distante da 3ª idade. No entanto, o modo envolvente como a trama se desenha e principalmente a emoção que as cenas transmitem fazem de "Up" uma animação diferenciada, um paradoxo traduzido no próprio gênero, um drama em animação.

“Up Altas Aventuras” transforma o simples, o comum, o banal em grandioso, espetacular. Confesso que, como o personagem do longa, me encantaria poder amarrar balões em minha casa e levantar voo para bem longe, para o desconhecido. Algumas vezes fazemos isso sem perceber que a aventura acontece todos os dias bem aqui, porém quase sempre é necessário buscar distante aquilo que todo tempo esteve tão perto.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

O cinema era mudo...





...e o palhaço mais engraçado do mundo na verdade era triste. Com seu sorriso melancólico em pleno Circo, Chaplin conseguia traduzir a comédia que traz na essência do humor a transgressão, a contradição.

O preto e branco da fotografia, a luz, o olhar, tudo remete à solidão de um homem que só tem a própria sombra como acompanhante.

Talvez cada um de nós seja um pouco “Carlitos”, vagabundo, sem rumo, alegre, trapalhão. Somos como O Garoto que, Em Busca do Ouro, fica embasbacado diante das Luzes da Cidade nos raros momentos em que esquece a Vida de Cachorro.

Chaplin é simples assim, captura os momentos de “distração” e os aprisiona num rolo de filme que a cada reprodução revela segredos a um novo espectador.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Música e Identidade Tribal


A música e o tribalismo urbano, uma mistura indissociável que aliada à moda dá aos diferentes públicos o sentimento de identidade. Agregar-se é uma necessidade do ser humano, nesse contexto a identificação com determinado estilo é peça fundamental para se encaixar em um grupo. O gosto musical chega a ser quase uma exigência simbólica que segrega e define as tribos nessa grande aldeia global onde vivemos.

E quando a aparente divergência de gostos leva ao preconceito ao até mesmo a violência? Punks versos Skinheds, qual o cacique mais poderoso? Nesse momento voltamos ao primitivismo, para as guerras entre tribos. Qual a diferença entre o passado e o presente? Os povos primitivos guerreavam por território físico, as tribos urbanas guerreiam por um território simbólico que perpassa pelo campo da insegurança e da auto-afirmação de cada indivíduo.

Onde está a contradição? Está no hibridismo de todas as coisas, principalmente da música. Ritmos como o rock – resultado da mistura de estilos como o Jazz, o blues, a música country entre outros – provam que nada é uma construção única e isolada, tudo agrega contribuições diversas. Nenhum discurso se edifica sozinho, logo qual a lógica em repelir tão ferozmente determinados estilos se tudo está relacionado?

Os jovens parecem ter entendido isso e em uma tendência mais atual, o que se percebe são tribos heterogêneas, o roqueiro que escuta samba, o pagodeiro que curte música eletrônica. Esse sincretismo é benéfico afinal é a partir da mistura das cores que obtemos tons sempre novos, é a partir da fusão dos diferentes pensamentos que a arte se renova e o ser humano também.