
Fazia um certo tempo que um filme de animação não mexia tanto comigo. Talvez desde "O Rei Leão", na parte em que o pai do Simba morre. É impressionante o quanto esse segmento que transforma tecnologia em "fantasia real" vem se desenvolvendo nos últimos anos. O que começou a partir dos clássicos "contos de fadas" e abusou das fábulas infantis, hoje se mostra um mercado promissor, não somente em produção de entretenimento para crianças, mas em forma e conteúdo para adulto nenhum botar defeito.
Depois de "A Era do Gêlo 3 " ter superado a quase imbatível bilheteria de Titanic no Brasil, o que se pode concluir é que realmente esta é "A Era da Animação". Em qualquer sala de cinema que se vá hoje, percebe-se um público heterogêneo, seriam velhos com espírito infantil ou crianças crescidas?
Acredito que um filme deva passar a emoção de quem o produz, se aproximar da realidade das pessoas de forma que as toque em pontos tão íntimos que elas nem saibam explicar o porquê de tamanha identificação. Talvez por isso o cinema tenha se tornado tão popular.
No início o acusaram de tornar a mente preguiçosa já que os pensamentos não conseguiam acompanhar a velocidade das mudanças de cena, uma mera distração para os operários enfadados que enxergavam no cinematógrafo um refúgio para um mundo indolor de fantasia. Concordo que o cinema seja uma ótima distração, mas defendo veementemente a posição que diz que ele nos faz pensar, refletir seja pela forma, seja pelo conteúdo.
No caso de "Up Altas Aventuras", talvez fosse impensável há alguns anos, a história de um velho viúvo amargurado que resolve viver uma grande aventura, chamar tanta atenção, principalmente de um público bem distante da 3ª idade. No entanto, o modo envolvente como a trama se desenha e principalmente a emoção que as cenas transmitem fazem de "Up" uma animação diferenciada, um paradoxo traduzido no próprio gênero, um drama em animação.
“Up Altas Aventuras” transforma o simples, o comum, o banal em grandioso, espetacular. Confesso que, como o personagem do longa, me encantaria poder amarrar balões em minha casa e levantar voo para bem longe, para o desconhecido. Algumas vezes fazemos isso sem perceber que a aventura acontece todos os dias bem aqui, porém quase sempre é necessário buscar distante aquilo que todo tempo esteve tão perto.